segunda-feira, março 26, 2007

País de má (e curta) memória

Apesar de considerar que o conceito do programa da RTP Os Grandes Portugueses é bastante disparatado, não pude deixar de comentar a votação final. Não é que a vitória de Salazar tenha sido uma surpresa, muito embora os 41% que lha deram tenham sido um pouco excessivos. Sempre tivemos um país de velhos do Restelo que anseiam sempre por aquilo que não podem ter. Parece-me um testemunho à falta de conhecimento geral sobre a nossa História recente.
Nem de propósito, a notícia do dia no RCP era a candidatura de uma lista com representantes do PNR (partido de extrema direita) à Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A menina enjoada que representava a dita lista dizia que lhe paracia importante acabar com a hegemonia das associações de estudantes lideradas por listas de partidos de esquerda, já que assim se podem representar outros interesses. O facto de um dos membros da lista ter sido condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio de um africano no Bairro Alto foi afastado pela mesma menina com a justificação de que todos temos o nosso passado.
Talvez esta vitória represente mais da mentalidade deste nosso país, supostamente de brandos costumes do que aquilo que gostamos de pensar.
Há no entanto dois factos irónicos sobre os quais me parece que devemos pensar. Em primeiro lugar, Salazar foi também considerado o Pior Português de Sempre, na votação promovida pelo Inimigo Público e pelo eixo do mal. Para além disso, o estado da Democracia em Portugal não pode estar assim tão mal. Não nos esqueçamos que ontem, pela primeira vez, Salazar ganhou uma eleição...

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