quinta-feira, maio 18, 2006

Código Da Vinci

A partir de amanhã já vai ser possível ver no grande ecran a adaptação do maior best seller dos últimos anos (ou será de sempre? Já nem sei, nem me interessa).
Continuo a ficar espantado com a quantidade absurda de livros, vídeos, debates, palestras e afins que surgem a "descodificar" o código ou a descodificar a descodificação. Vamos por partes. É um bom romance policial, bastante bem estruturado e, na minha opinião, escrito de uma forma bastante competente e cativante. O que não é de forma alguma é um tratado de teologia ou a doutrina cristã para o Sec. XXI ou mesmo uma obra credível de investigação histórica. Nem devia ser! É um romance. Ponto. Se o autor tem pretensões a historiador o problema é dele. Não é ele que é parvo, do alto dos seus muitos e muitos milhões de dólares. O mesmo já não direi das pessoas que tomam esta estória como um documento de História. Entre estas pessoas contam-se a alta hierarquia da Igreja Católica que pediu um boicote ao filme. Vou dizer outra vez. É um filme. Ficção. Ponto.
Como é evidente, a loucura do código teve muitos pontos positivos, o mais significativo dos quais foi, para mim, ver dezenas ou centenas de pessoas a ler nos transportes públicos e nas espalanadas. E não era a Bola, o Record, o Metro ou o Destak. Era mesmo um livro. Só por isto já valeu a pena. No meio de todas as imprecisões, incorrecções e fantasias históricas, uma coisa interessante apareceu e saltou para a consciência colectiva das massas: a existência dos Evangelhos Gnósticos, descobertos em meados do Sec. XX. Trata-se dos livros que a Igreja optou por não incluir no Novo Testamento, e que incluem, entre outros, o Evangelho de Filipe e o de Maria Madalena. A verdade histórica presente no romance da moda é a do papel importante que Maria Madalena terá tido nos primeiros tempos do cristianismo e que foi mais tarde relegado para segundo plano, juntamente com o papel das mulheres de uma forma geral, começando com os escritos dos santos misóginos, como Agostinho e terminando na versão oficial da vida de Maria Madalena, decretada pelo papa Gregório Magno, e que foi conhecida a partir daí como prostituta.
Tudo o resto, como é normal num romance, é fantasia, e deve ser apreciado como tal. Dito isto, para um apreciador de policiais como eu sou, é um filme a não perder. Caso tenham, no entanto, alguma súbita tentação de tomar a história como verdade, pensem que os protagonistas do filme, os grandes investigadores que desvendam a trama milenar são... o Forrest Gump e a Amélie Poulain!!! Está tudo dito...

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